PROCESSOS DE IN/EXCLUSÃO ESCOLAR: OS DISCURSOS QUE POSICIONAM E NOMEIAM ALUNOS COM “DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM”
Marcia Cozzani, Catiana Nery Leal, Cíntia Mota Cardeal
Resumo
O objetivo desta pesquisa foi compreender quais os discursos de inclusão em uma escola da rede municipal de ensino da cidade de Amargosa/BA e as relações com o processo de aprendizagem dos alunos. Para analisar os discursos materializados nos pareceres pedagógicos sobre os alunos público-alvo da educação especial utilizamos dois conceitos e ferramentas teóricas: normalização e in/exclusão. Foram analisados 10 pareceres pedagógicos descritivos de alunos narrados por professores do AEE como tendo “dificuldades de aprendizagem” e 10 entrevistas com professores destes alunos, da sala regular, sobre como eles vêem o processo de aprendizagem de tais alunos e a inclusão escolar. Alunos com deficiência são percebidos como estranhos ao contexto escolar, às normas da escola que estão impressas no currículo e nas propostas pedagógicas. Reconhecemos que há, nas escolas, crescente discurso sobre inclusão escolar, mas também processos de produção da anormalidade nos espaços de inclusão. Percebemos através dos discursos dos professores que os alunos de inclusão são posicionados na relação espaço/tempo escolarizados que são reconhecidos como únicos na escola. O tempo escolar se sobrepõe sobre o tempo dos indivíduos de aprenderem os conteúdos, ou seja, todos devem ser submetidos à média de normalidade e não a uma possibilidade de flexibilização curricular que atenda à temporalidade, que considere o tempo que o estudante necessita para atingir os objetivos educacionais e efetivar suas tarefas.
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