CONFLITOS SOCIOCULTURAIS NA IDENTIFICAÇÃO E DESIGNAÇÃO DE PESSOAS COM ALBINISMO: RETOMADA DE PESQUISA À LUZ DE NOVAS PONDERAÇÕES TEÓRICAS
Zélia Maria dos Santos Santana, Sônia Valéria Barbosa de Oliveira, Nivaldo Vieira Santana
Resumo
O artigo expõe a experiência de uma discente e uma egressa do curso de pedagogia da Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC, integrantes do Programa Laboratório de Estudos, Pesquisas e Extensão sobre Condições de Vida e Direitos Humanos na Bahia, ao participarem da pesquisa intitulada: A trajetória educacional de crianças e adolescentes com albinismo em municípios da Região Sudoeste e Sul da Bahia, entre 2017 e 2018, na condição de colaboradora de pesquisa. Trata-se de artigo de revisão, cujo objetivo é retomar os resultados da pesquisa original, que objetivou investigar a condição humana e as formas de vida das pessoas com albinismo, na busca de novas interpretações discursivas, e demostrar questões relacionadas entre a sociedade e o grupo pesquisado dentro dos limites de um determinado espaço geográfico. Metodologicamente, a pesquisa de abordagem qualitativa e perfil socioantropológico, subsidiada por trabalho de campo, entrevistas semiestruturadas e observação participante das autoras que, ao revisarem e reanalisarem aspectos conclusivos da pesquisa original, reafirmam a constatação de que a pessoa com albinismo, por ser oriunda de uma condição genética, ao se apresentar a sociedade com ausência ou redução parcial de pigmentação na pele, nos olhos e nos pelos, é identificada e denominada de gazo, alemão, russo, galego ou sarará. Após a revisão, verificou-se que tais denominações ocultam aspectos significativos e imperceptíveis sobre a condição humana e identidade do indivíduo, o que confirma os conflitos socioculturais com que se deparam as pessoas com albinismo. Conclui-se, portanto, que apesar de se tratar de consenso sociocultural, tais denominações não respeitam a condição humana e a historicidade dos indivíduos.
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