MULHER, TRABALHO E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE: UM ESTUDO A PARTIR DAS PANFLETEIRAS DO INTERIOR DA BAHIA
Mariana Batista de Moraes, Victor Rodrigo Bomfim Leite Silva, Lívia Maria Santos Chaves, Brenda Luara dos Santos de Souza
Resumo
O presente trabalho explora um recorte de estudos relacionados à perspectiva das Organizações e do Trabalho em Psicologia, com foco na relação estabelecida entre gênero e trabalho, a partir de pesquisa realizada com panfleteiras de uma cidade de médio porte no interior da Bahia. Para tal, é feita uma articulação entre Trabalho, em uma abordagem da Psicologia Sócio-Histórica, e sua relação com os sujeitos, a sociedade e a Psicologia. Emergindo como foco a relação entre a mulher, o trabalho e a exploração. Os distribuidores de panfletos entrevistados consistem, majoritariamente, em mulheres, jovens, com baixa escolaridade e residentes em bairros periféricos, geográfica e economicamente, da cidade. Foi feito um recorte para análise dos dados coletados com as mulheres entrevistadas, as quais compõem 85% dos sujeitos da pesquisa. O trabalho de panfletar constitui-se como atividade de condições informais, por vezes degradante e exploratória, que demanda da necessidade de autossuficiência econômica. Dessa forma, as panfleteiras, localizadas em seu vínculo com o trabalho nos moldes de uma sociedade capitalista e patriarcal, apresentam-se exploradas tanto no que consiste à sua força de trabalho quanto ao seu gênero. Logo, conclui-se que o trabalho é regido por um poder econômico/industrial que se faz determinante da ordem social vigente; a mulher encontra-se cada vez mais vulnerável pelos diversos âmbitos capitalista e patriarcal; e a panfletagem configura-se como trabalho informal e precário, assujeitando subjetividades. Finaliza-se com uma reflexão acerca do trabalho do psicólogo e seu foco, reiterando a necessidade de estudos sobre a panfletagem e temas transversais a esta.
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