DISCURSO E SUBJETIVAÇÃO NAS/EM REDES: UMA ANÁLISE DO ENUNCIADO INTERVENÇÃO MILITAR JÁ NO FACEBOOK
Rosiene Aguiar Santos, Gerenice Ribeiro de Oliveira Cortes
Resumo
A Análise de Discurso francesa (AD), fundada por Michel Pêcheux (1969, 1975, 1983), se constitui epistemologicamente pela teoria não-subjetiva da subjetividade, em que o sujeito não é o dono do seu dizer, mas é afetado pela história, pela ideologia e pelo inconsciente. Nesse processo, o discurso é definido como efeitos de sentidos entre interlocutores, sendo o sentido constituído juntamente ao sujeito, que é sempre uma posição assumida entre outras. Além dessas, serão mobilizadas também, as noções teóricas de mecanismo imaginário, silenciamento e metáfora discursiva, assim como as contribuições da História e dos estudos sobre o Discurso Digital. Este artigo visa, portanto, analisar o funcionamento dos efeitos de sentidos e as distintas posições-sujeitos ocupadas no funcionamento discursivo do enunciado Intervenção Militar Já, na rede social Facebook. Nota-se que há um anseio de uma nova tomada de poder por militares no Brasil, assim, esse discurso mobiliza a memória da Ditadura Militar de 1964. Neste processo analítico, o corpus será constituído de duas postagens e três comentários, de cada uma, delimitando assim em oito sequências discursivas (SDs). A análise mostra o funcionamento de posições-sujeito que representam a tentativa de apagamento do que foi a Ditadura, que historicamente significou um período de governo autoritário e de repressão à sociedade. Assim, no discurso de anseio por uma nova interferência das forças armadas, funciona o silenciamento de todas as mazelas daquele regime. Mas também há posições-sujeito de resistência ao discurso da intervenção militar, sendo esta vista como ignorância política e histórica.
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