O conceito gênero apresenta uma enorme visibilidade na atualidade, tendo inclusive ultrapassado as barreiras acadêmicas e alcançando o debate político e diversos setores da sociedade. Ele pode ser compreendido como um sistema que orienta as mais diversas práticas sociais, utilizado também como categoria analítica. Como categoria analítica, o gênero pode ser utilizado nos mais diferentes campos, incluindo os estudos sobre sabedoria popular e práticas de cura dos povos indígenas, quilombolas, campesinos etc. Destarte, o presente trabalho buscou analisar o potencial heurístico da categoria gênero para os estudos sobre sabedoria popular e práticas de cura. Para tanto, delineamos uma pesquisa teórica, em que propomos uma genealogia do conceito de gênero, procurando explicitar o debate sexo-gênero e seu significado epistemológico sob diferentes prismas teóricos. Além disso, discorremos sobre os saberes populares e práticas de cura, explorando de que forma formulações feministas tem contribuído para sua valorização e resistência. Em especial, apresentamos às formulações do ecofeminismo, do feminismo decolonial e comunitário por sua articulação com outras formas de dominação. Por fim, elaboramos uma compreensão sobre o potencial analítico de gênero para estudos sobre saberes populares e práticas de cura, defendendo sobre sua relevância e assumindo possíveis limitações.