Esse trabalho objetiva evidenciar as vivências, experiências e práticas produtivas de alimentos, gestadas nas técnicas agroecológicas empreendidas na comunidade Cigano/Carro Quebrado, localizada na microrregião de Riacho de Santana-BA. Trata se de uma pesquisa indutiva e etnográfica, sobre as ações de um coletivo de mulheres (irmãs) e suas respectivas famílias. Tal coletivo tem ligação com o Quilombo Urbano do Largo da Vitória, espaço de resistência em que habitou seus ancestrais. O projeto chamado União de Produção Solidária, para além da economia de subsistência fortalece as relações identitárias, pois o espaço de plantio e colheita, um terreno herdado pela família, está situado na comunidade onde ocorreu a criação, formação e desenvolvimento das agricultoras. Seguindo a tradição dos seus pais que cultivavam alimentos sem agrotóxicos, essas mulheres rememoram causos e cantigas, que o tempo não apagou. O manejo do solo é feito com enxada e a priori a colheita é para consumo das famílias. Nesse processo, as crianças também ocupam suas atividades, sendo uma metodologia para compreenderem os valores e significados que a natureza representa na vida humana e na dinâmica socioeconômica e ambiental dos atores sociais.