Dadas as exigências da BNCC quanto à implementação de tecnologias digitais na Educação Básica, neste trabalho, analisamos o gênero discursivo digital fanfic, buscando compreender o papel do jovem diante de uma nova forma de leitura e escrita, baseada na (re)criação de histórias por fãs, potencializadas pelas transformações tecnológicas advindas do processo de globalização. Além disso, visamos investigar, com base nos apontamentos de Mikhail Bakhtin, quais aspectos da carnavalização podem ser observados no corpus escolhido, bem como se o caráter utópico implícito na composição de uma fanfic é propriamente uma característica carnavalizada. Além da teoria bakhtiniana a respeito dos gêneros discursivos e da carnavalização, baseamo-nos, também, em Xavier (2009), Dionisio (2011) e Rojo (2013) para abordar os conceitos de hipertexto, multimodalidade e letramento digital. Assim, a partir da análise do corpus, constatamos que, em uma fanfic, a percepção de um fã é transposta em sua escrita, que demonstra a busca pela representação dos personagens e enredos que melhor conversam com as mudanças sofridas pelo próprio sujeito-fã-autor, para provocar identificação ou representar um ideal utópico. Com isso, propomos que o gênero fanfic seja trabalhado em aulas de Língua Portuguesa, a fim de desenvolver o senso crítico dos estudantes e seu letramento digital.