Apresentamos a compreensão de que os espaços públicos, condição, meio e produto social, podem ser promotores dos encontros insurgentes que contribuem para a sociabilidade urbana. A essa ideia, associamos o entendimento de que as práticas espaciais associadas ao lazer animam os espaços públicos. Em contraste, enfrentamos, desde o estudo aqui retratado em Vitória da Conquista, estado da Bahia, a contraditória condição de cisão nas práticas, nos usos e na frequentação dos espaços pelos citadinos e o próprio falseamento do espaço público em espaços privados. Nossa hipótese principal é a de que os espaços públicos se constituem em elemento de tensão entre a produção mercadológica do lazer e o lazer como prática espacial, constituindo-se uma dimensão de realização da urbanidade. Os procedimentos metodológicos empregados compreenderam a realização de 16 entrevistas semiestruturadas a sujeitos-tipo conforme perfil previamente determinado, entrevista estruturada a agentes bem informados, 270 enquetes aos citadinos em pontos distintos da cidade com grande fluxo e diversidade de sujeitos e em observações de campo. A pesquisa revelou que, mesmo considerando os novos conteúdos agregados ao lazer, os espaços públicos firmam-se como esfera de realização de uma cotidianidade que possibilite, através das práticas espaciais de lazer, relações sociais pautadas na urbanidade e horizonte para construção de uma sociabilidade efetiva e mais qualificada.