A pesquisa objetiva analisar a trajetória do quilombo do Tereré pelo viés do território e da territorialidade. O quilombo do Tereré está localizado na comunidade do Maragogipinho, município de Vera Cruz-Ba, a 10 quilômetros da capital Salvador, com área total de 60 hectares e população estimada de 2.000 pessoas, está inscrita no Cadastro Geral de nº 017, registro nº 2.273,  a comunidade recebeu em 2016 o certificado de Auto Declaração de Comunidades Quilombolas (ADCQ) emitido pela Fundação Cultural Palmares (FCP). A metodologia adotada na pesquisa recupera a história da comunidade do quilombo do Tereré tanto pela via dos documentos oficiais como atas de reuniões e o certificado de auto declaração, quanto pelo resgate das memórias vivas através da história oral realizada com as matriarcas do quilombo. Além disso, realizou-se entrevista aberta com três lideranças da comunidade, grupo focal com seis membros da comunidade e a observação participante. Buscou-se uma fundamentação teórica que rompesse com perspectiva marginal e inferiorizante atribuída ao conceito do quilombo, com o objetivo de propor um campo de investigação epistêmico para reformular o conceito a partir da incorporação das experiências históricas dos próprios quilombolas. Isso permite desenhar novas cartografias sociais a partir das dinâmicas socioterritóriais dos quilombolas e também a retirada do conceito da invisibilidade. Foi possível verificar que a comunidade se reconheceu como coletividade, ou seja, como sujeito coletivos a partir da auto definição quilombola, para garantir a posse do território em virtude de ameaças externas. Constatou-se também que a identidade quilombola da comunidade está em processo de construção.